
Tradução
O conto Eveline, com aproximadamente cinco páginas, é construído sobre um programa narrativo
de base muito comum à tradição literária e presente também nas narrativas orais: a disjunção espacial e
familiar de um sujeito modalizado pelo querer-partir. No caso, um sujeito, Eveline, jovem de dezenove
anos, órfã de mãe, anseia fugir de casa com Frank, marinheiro que estava partindo de Dublin.
O desejo de evasão, sobretudo por motivação amorosa, é um motivo bastante explorado na
literatura. Com freqüência, a fuga ocasiona uma ruptura passional, que dá lugar a sentimentos tensos e
conflitantes. No caso de Eveline, a dualidade de sentimentos é bastante nítida: quando pensa que entrará
em conjunção com outros valores, que são novos em relação aos que ela cultiva em casa, a jovem animase.
Mas quando pensa que terá que entrar em disjunção dos valores familiares, ela desiste de recomeçar
sua vida, porque não tem competência para operar essa mudança. Evvy – como Frank gritava ao perceber
que Eveline desistira da viagem – parecia inicialmente modalizada não apenas pelo querer-fazer, mas
sobretudo pelo dever-fazer. É o que se percebe, por exemplo, no início da narrativa, quando, em meio aos
relatos do passado da personagem, o narrador inclui subitamente uma frase no presente do indicativo:
“Tudo se modifica” (“Everything changes”). Essa afirmação assume um valor de verdade, na medida em
que sintetiza os fatos individuais da vida de Eveline (as mudanças que ocorreram com pessoas ligadas a
seu passado) e amplia a idéia de renovação para além das fronteiras de sua individualidade: todos mudam,
portanto ela, também, deve mudar.
de base muito comum à tradição literária e presente também nas narrativas orais: a disjunção espacial e
familiar de um sujeito modalizado pelo querer-partir. No caso, um sujeito, Eveline, jovem de dezenove
anos, órfã de mãe, anseia fugir de casa com Frank, marinheiro que estava partindo de Dublin.
O desejo de evasão, sobretudo por motivação amorosa, é um motivo bastante explorado na
literatura. Com freqüência, a fuga ocasiona uma ruptura passional, que dá lugar a sentimentos tensos e
conflitantes. No caso de Eveline, a dualidade de sentimentos é bastante nítida: quando pensa que entrará
em conjunção com outros valores, que são novos em relação aos que ela cultiva em casa, a jovem animase.
Mas quando pensa que terá que entrar em disjunção dos valores familiares, ela desiste de recomeçar
sua vida, porque não tem competência para operar essa mudança. Evvy – como Frank gritava ao perceber
que Eveline desistira da viagem – parecia inicialmente modalizada não apenas pelo querer-fazer, mas
sobretudo pelo dever-fazer. É o que se percebe, por exemplo, no início da narrativa, quando, em meio aos
relatos do passado da personagem, o narrador inclui subitamente uma frase no presente do indicativo:
“Tudo se modifica” (“Everything changes”). Essa afirmação assume um valor de verdade, na medida em
que sintetiza os fatos individuais da vida de Eveline (as mudanças que ocorreram com pessoas ligadas a
seu passado) e amplia a idéia de renovação para além das fronteiras de sua individualidade: todos mudam,
portanto ela, também, deve mudar.
0 comentários:
Postar um comentário